O inquérito que levou ao indiciamento de Jair Bolsonaro e do deputado federal Eduardo Bolsonaro por suspeita de coação no processo sobre a trama golpista pode ser desmembrado e atingir figuras no entorno do ex-presidente, como a ex-primeira-dama Michelle.
O relatório final da Polícia Federal que levou ao indiciamento foi encaminhado ao STF (Supremo Tribunal Federal). Agora, a PGR (Procuradoria-Geral da República) decide se arquiva, pede novas investigações ou faz uma denúncia.
Segundo especialistas, a PGR tem autonomia para denunciar parte dos envolvidos ou todos eles, sem precisar se ater aos dois políticos atualmente indiciados. Ela também pode desmembrar a investigação, pedindo mais apuração em alguns casos.
A PF apontou indícios de que Bolsonaro e Eduardo tentaram interferir na ação penal que investiga a trama golpista de 2022 e 2023, com a atuação do parlamentar no exterior. Essa investigação, que começou em maio a pedido da PGR, menciona crimes de coação, obstrução de Justiça, tentativa de abolição do Estado democrático de Direito e atentado à soberania.
Eduardo Bolsonaro, que estava nos Estados Unidos, tem suas atividades investigadas, principalmente após anunciar que iria se afastar do cargo para fazer uma defesa a favor de sanções contra autoridades brasileiras que investigam seu pai.
Além de Jair e Eduardo, outras figuras no entorno do ex-presidente são acusadas de colaborar na tentativa de interferir na Justiça. O pastor Silas Malafaia, por exemplo, teve seu celular apreendido e passaporte cancelado após ser alvo de uma operação da PF.
Os próximos passos dependem das deliberações da PGR, que pode não apenas denunciar, mas também investigar outros formadores de opinião envolvidos no esquema.